segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Gestos concretos da CF

          A Campanha da Fraternidade, fundamentalmente, é programa global conjunto de evangelização. A Palavra anunciada desperta a fé, a conversão e a inserção na vida comunitária, conduz à vida sacramental e faz desabrochar para a vida fraterna, para o serviço, para o estabelecimento de novas relações sociais. Não há verdadeira evangelização sem o compromisso pessoal, social e comunitário de transformação do mundo segundo critérios evangélicos. Quem acolhe o anúncio do Evangelho vive como Jesus viveu, adere "ao programa de vida - vida doravante transformada - que Ele propõe, ao ‘mundo novo’, ao novo estado de coisas, à nova maneira de ser, de viver, de estar junto com os outros, que o Evangelho inaugura" (EN 23). Esta adesão se expressa em gestos concretos.
 

          Estes gestos são múltiplos e variados, mas não podem constituir ações isoladas. São expressões diferentes da vivência quaresmal, iluminada pela pregação da Campanha da Fraternidade, em preparação à Páscoa. Estes gestos podem ser de:

  • Oração, necessária para discernir a realidade, ver a missão de cada cidadão brasileiro e do cristão comprometido em face da situação de todos os marginalizados na história de nosso País;
  • Jejum, que ganha conotação de compromisso com a população empobrecida, em permanente jejum forçado por não ter acesso à educação, ao trabalho, à moradia, à cultura, ao exercício pleno da cidadania. Os que têm o suficiente são chamados a jejuar livremente, num ato de culto a Deus através dos bens materiais. São chamados, também, a renunciarem à convivência com os mecanismos de opressão e marginalização para todas as pessoas viverem como irmãos;
  • Esmola, vivenciada através da partilha e da libertação. Para isso é essencial não apenas dar esmola, mas transformar-se em "esmola" (doação), aliando-se a todos, a partir dos oprimidos e discriminados em sua aspiração por verdadeira fraternidade. Por isso, gestos de promoção humana libertadora. Diante de quem tem fome, de quem não tem roupa, não tem casa, está doente, está preso ou morto há ações imediatas indispensáveis: dar de comer, matar a sede, vestir, abrigar, visitar, sepultar.
          Mas o dar de comer e matar a sede é também empenhar-se para que todos consigam capacitação profissional, emprego digno e salário justo; é buscar estruturas que não gerem a fome dos irmãos. Vestir é também trabalhar por todos os despojados, devolvendo-lhes a dignidade, possibilitando o retorno ao convívio social. Abrigar o peregrino é também acolher o migrante e promover sua integração na comunidade, batalhar para que todos tenham acesso à terra para trabalhar, promover uma política que não crie sempre mais novos sem-teto, sem terra e sem dinheiro. Visitar doentes é também criar novos serviços de assistência médica e hospitalar. Visitar os presos é também garantir-lhes assistência jurídica, proteger os direitos humanos do preso e criar condições de vida digna que contribuam para diminuir a criminalidade.

          A variedade de gestos que cada um/a pode realizar ao longo da quaresma, concretizando sua caminhada de conversão, é imensa. Mas há um gesto concreto comum a todos: é a coleta da Campanha da Fraternidade - a contribuição financeira.

          No final da Campanha, cada comunidade é chamada a um gesto generoso, cuja destinação não contemplará apenas necessidades dela. Pela sua doação, a comunidade vai ajudar a Igreja desenvolver obras de promoção humana e a sustentar a ação pastoral. Certamente não há Diocese do Brasil que não tenha já recebido ajuda de irmãos e instituições eclesiais de outros países. Numerosas paróquias e comunidades receberam ajuda financeira de entidades católicas do estrangeiro para as mais diversas finalidades: construção de igrejas, de centros comunitários, programas de formação, seminários...

          Na coleta da Campanha, cada comunidade dá conforme pode. Se ela tem pouco, dá pouco. Se tem mais, reparte mais. Se tem muito, partilha muito. O que não pode é ser mesquinha, dar uma sobra por descargo de consciência. A colaboração deve ser generosa, gratuita, solidária e libertadora.

          A coleta da Campanha da Fraternidade, grande gesto concreto de fraternidade, deve tornar-se logo meio privilegiado para a autosustentação da Igreja no Brasil, garantindo recursos financeiros para ela manter obras sociais, programas de formação de leigos engajados, a infra-estrutura pastoral. A CNBB já recebe razoável recurso desta coleta para preparar a Campanha de cada ano e para as atividades que desenvolve.

          A destinação da coleta é a seguinte: 45% para a própria paróquia aplicar em programas de promoção humana; 35% para a Diocese aplicar na mesma finalidade; 10% para a CNBB Regional e 10% para a CNBB Nacional.

          No final da Campanha, quando a comunidade faz a coleta, ela estará oferecendo não apenas dinheiro. Estará oferecendo todo seu esforço quaresmal, sua alegria de dar, sua corresponsabilidade, sua solidariedade fraterna.

 

Fonte:
http://www.cf.org.br

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